domingo, 15 de abril de 2007

O maior dos lobos em pele de cordeiro

Quando agente acha que não vai mais se impressionar com nada na vida, acontece o imprevisível e por motivos mais do que esdrúxulos.

Estava eu com minhas antecedentes (leia-se tia/dinda e avó) no shopping fazendo uma das coisas que mais faço na vida, falta do que fazer à parte, fotografar já virou vício. Nunca iria imaginar ouvir de alguém do planeta terra, em plena capital dos gaúchos me “chorar” tal frase: “Poxa, será que tu poderias “bater” uma foto minha com a minha filha?” E tentando justificar desnecessariamente seu pedido, a criatura acrescenta dizendo que sua filha de quatro meses nunca havida sido fotografada.

Meio que sem sentido, fique de boca aberta, considerando meu conhecimento simples, mas máximo sobre as muitas péssimas realidades da vida me apavorei com uma coisa ainda tão normal, a bendita falta de tecnologia que não é muito perto das tantas outras benditas existentes no mundo. Sabe aquela música “E aquele garoto que ia mudar o mundo agora assiste a tudo em cima do muro”? Pareceu feita para que eu me identificasse naquele momento contanto que a passando para o feminino.

Logicamente fotografei a Vitória (a garotinha), a mãe dela, as duas, ela sorrindo, chorando, de cabeça pra baixo, abrindo espacato, mamando, entre outras poses com o maior prazer do mundo e depois da minha recomposição de idéias obtida através da terapia da fotografia já ia escrevendo meu endereço de e-mail em um papel para que ela pudesse se comunicar comigo assim como receber as fotografias, quando sou bruscamente interrompida:
- O que é isso? pergunta a mamãe.
-Meu e-mail, ora. Para que eu possa te mandar as fotos! Respondo de olhos arregalados, mão paralisada e cara de “o que tem de mais?”.
-Ahhh, eu não tenho e-mail, eu sou pobre! Me dá teu telefone pra eu pegar contigo um dia, o de casa, porque ligar pra celular é muito caro! Quando minha avó responde:
-Mas nós também somos pobres! E somos surpreendidas mais uma vez:
-Aham, sei! hahaha Responde ela crendo, equivocadamente, que éramos dotadas de uma bela conta no banco.

E a cada dia que passa percebo que a Terra passou várias vezes na fila quando estavam distribuindo desigualdade, como pode? Pessoas tão iguais e ao mesmo tempo tão diferentes. Só há uma explicação par a minha infantil e imatura apavoração: “Quando me ensinaram que ninguém é diferente de ninguém e que todos somos filhos de Deus eu levei ao pé da letra como não deveria”.

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